Coral dos Canarinhos de Petrópolis é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial

No ano em que estamos celebrando o jubileu do Cântico das Criaturas e os 350 anos da Província, o Coral dos Canarinhos de Petrópolis recebeu um importante reconhecimento: foi oficialmente declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Município de Petrópolis. A honraria foi instituída por projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal na última quarta-feira (22), de autoria do vereador Dr. Aloisio Barbosa, que também estabeleceu o mês de agosto, mês de fundação do Coral, como período oficial de comemoração e homenagem à instituição.

 

Fundado em 15 de agosto de 1942 por Frei Leto Bienias, o Coral nasceu com o propósito de formar crianças e adolescentes por meio da música, cultivando valores humanos e franciscanos. Ao longo de mais de oito décadas de história, consolidou-se como um espaço de educação musical gratuita e formação integral, oferecendo oportunidades a crianças, adolescentes e jovens, e promovendo princípios como disciplina, respeito, solidariedade e cidadania.

 

O título de Patrimônio Imaterial vai além da valorização do canto coral: reconhece um legado vivo, que se renova no encontro entre gerações, sons e histórias. A homenagem confirma que os Canarinhos são uma expressão autêntica da identidade cultural de Petrópolis, com uma trajetória reconhecida nacional e internacionalmente.

 

Essa dimensão pôde ser sentida recentemente, na última sexta-feira (24), durante a visita da Orquestra Jovem de Itaguaí ao Instituto dos Canarinhos. O grupo, formado por mais de 20 integrantes acompanhados de seus pais, teve a oportunidade de conhecer os espaços do Instituto, participar de momentos de convivência com os Corais, compartilhar ensaios, tocar instrumentos e viver um rico intercâmbio de experiências musicais e humanas.

 

No sábado seguinte, em uma apresentação realizada no Rio de Janeiro, os Canarinhos receberam a visita do Coral da Maré, formado também por crianças e jovens. Após assistirem ao concerto, os integrantes participaram de um encontro de trocas com o grupo petropolitano, conversando sobre o processo de formação e técnicas de canto coral.

 

Esses encontros reforçam que “ser uma referência inspiradora” é motivo de alegria, mas também uma grande responsabilidade. Em tempos marcados por contravalores, manter viva a disciplina, a solidariedade e o respeito é um verdadeiro sinal de esperança.

 

Com 18 álbuns gravados, dois deles na Europa, o Coral dos Canarinhos já interpretou algumas das obras mais importantes do repertório coral mundial, como A Paixão Segundo São João e o Oratório de Natal, ambos de Johann Sebastian Bach, além da Nona Sinfonia de Beethoven, o Réquiem de Mozart e o Chichester Psalms de Leonard Bernstein, entre muitas outras. O grupo também se apresentou ao lado de grandes orquestras brasileiras, consolidando-se como uma das formações corais mais prestigiadas do país.

 

Além de sua excelência artística, o Coral valoriza profundamente a cultura brasileira. Muitos de seus concertos são dedicados exclusivamente ao repertório nacional — como ocorreu na última turnê internacional, realizada em julho deste ano. O trabalho dos Canarinhos também tem despertado o interesse acadêmico, tornando-se objeto de pesquisa em dissertações de mestrado que abordam temas como a formação musical de crianças e adolescentes e o trabalho com a voz em coros de meninos.